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Um Mar de Recordações

Um Mar de Recordações

17.Jun.11

Descredibilização do mito vampiro

O vampiro é talvez um das personagens mais comuns na literatura, existindo inúmeras versões do seu mito. Apesar, desta personagem já advir do século dezanove, só na actualidade ganhou um mediatismo incalculável. Muito provavelmente esta febre nasceu através da estado-unidense, Stephenie Meyer, autora da série Twilight, que trouxe uma nova visão desses seres mitológicos. Mas terá sido a forma mais correcta?

As histórias sobre vampiros são bastante antigas, aparecendo na mitologia de várias regiões, sendo os casos mais mediáticos a Europa e o Médio Oriente. Segundo a lenda, o vampiro é um ente mitológico que se alimenta de sangue humano para sobreviver, não podendo sair na luz do sol. Para além disso, dormem em caixões enquanto existe luz e atacam à noite, sendo que as formas de combatê-lo são o uso de objectos sagrados, alhos e água benta. Esta criatura veio amplamente a ser adoptada na literatura com estas características, mas se confrontarmos estas informações com o trabalho realizado por Stephenie Meyer, é fácil perceber que pouco ou nada se mantém a lenda original…

Na série Twilight, encontramos vampiros adolescentes com vidas extremamente ocupadas, lutando por manter em segredo a sua vida paralela. Como se isso não bastasse, estes seres quando estão em confronto com o sol brilham, como se algo de divino tivessem… A mesma divindade que supostamente os deveria matar! Para estes vampiros, a morte só acontecem quando são esquartejados e em seguida queimados. Algumas contradições, talvez mesmo contradições a mais da lenda original… Contudo, a aceitação foi incrível e existem milhões de seguidores desta série, principalmente o público do sexo feminino, isso acontece muito provavelmente pela utilização de uma reencarnação do amor vivido entre Romeu e Julieta, um amor impossível.

Não está em causa aqui a qualidade literária da escritora estado-unidense, mas sim a forma como ela reutilizou uma lenda com séculos de história. Apesar dos resultados dessa mudança estarem aos olhos de todos com um lucro astronómico, tenho grandes dúvidas se esta não será mais uma moda que daqui a alguns anos, vai encontrar-se gasta e esquecida por todos. É o preço de uma sociedade que se encontra na era das modas e que segue as tendências sem um espírito crítico.

John Polidori e Bram Stoker, dois dos autores vanguardistas neste mito na literatura, andam com certeza à volta nos seus respectivos caixões. Objecto esse com enorme simbologia neste mito, que nem dispõe de menção nos livros de Meyer. Na actualidade, observamos um vampiro desfigurado, completamente afastado da criatura maligna, que foi outrora. Agora o senhor das trevas não passa de um ser cheio de amor e compaixão pelos outros…

 

 

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