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Um Mar de Recordações

Um Mar de Recordações

19.Ago.12

O fim anunciado da RTP2

António Borges, consultor do Governo para as privatizações confirmou nesta quinta-feira a Judite de Sousa, no ‘Jornal das 8’, na TVI, que “provavelmente a RTP2 vai fechar porque é um serviço caro para a audiência que tem”. O anuncio não causa nenhuma surpresa, até porque há muito se esperava esta medida. O mais estranho nisto tudo é ter sido um funcionário do Governo a anunciar os planos para a estação pública…

O canal que iniciou as suas emissões a 25 de Dezembro de 1968 deu sempre um enorme destaque à componente cultural. Curiosamente, a 14 de Maio de 2012, a RTP2 tornou-se no primeiro canal generalista português a emitir em 16:9. O que demonstra que foi uma estação parada no tempo e que tentou sempre evoluir e estar mais próximo dos seus telespectadores.

No meu ponto de vista, este sempre foi um projecto com pouca audiência mas de reconhecida qualidade. E, atenção, porque esta estação não tem que se preocupar com o número de telespectadores, mas sim com a qualidade informação que divulga. Não se pode negar. A RTP2 é um canal de minorias, claro que sim. Contudo, o Estado também tem de se preocupar com essas minorias e não só com o grande público. Não basta só satisfazer o público com programação comercial e o segundo canal tem provado isso ao longo dos anos.

De facto, é de lamentar o fecho desta estação televisiva, mas até agora parece ser a solução possível numa altura em que o Governo tenta cortar no orçamento. No entanto, desde há muito tempo, que é na RTP2 que passam os melhores programas quer a nível de desporto (e não só de futebol), cultura, ciências, séries, informação e desenhos animados. Caso se confirme (e não tenho nenhumas dúvidas que isso vai acontecer), é uma grande perda na formação e divulgação de qualidade no nosso país. 

Irrita-me particularmente que os conteúdos na televisão portuguesa são tudo a nivelar para baixo. Isso não acontece no segundo canal. Realmente, é de louvar a forma como este projecto tem sabido gerir a sua grelha e atrair novos públicos mesmo com um orçamento mais baixo que a casa mãe. Na verdade, é injusto que o canal mais transversal de Portugal seja aquele que está próximo de fechar.

A solução para menorizar os danos do desaparecimento deste emblemático canal passa por colocar os melhores programas no primeiro canal. É a melhor forma de manter o cartaz cultural defendido na RTP2. Reduzia-se os custos, mas os programas de maior qualidade resistiam a esta extinção… No meio disto tudo, é triste ver que a cultura em Portugal continua vulnerável e sem um verdadeiro apoio.   

 

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