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Um Mar de Recordações

Um Mar de Recordações

16.Jul.15

O plano (quase) perfeito de Cláudia Martins [One-shot*]

Cláudia Martins era uma mulher ambiciosa e decidida, procurava sempre novas formas de se colocar em vantagem. Finalmente, tinha encontrado a oportunidade para ultrapassar o obstáculo que a afastava da tão ansiosa cadeira do poder. Estava a um pequeno passo de garantir a presidência da Companhia, uma das maiores marcas de tecnologia a nível nacional. Só faltava o anúncio oficial, a sua ascensão estava cada vez mais próxima. Um sorriso arrogante nasceu nos seus lábios carnudos. Estava certa de que aquele seria o seu dia.
Olhou-se demoradamente no espelho, reflectido nele estava uma mulher de 29 anos com um olhar decidido. Sabia aproveitar-se daqueles traços exóticos que contrastavam com dois olhos inesperadamente claros. Era especialmente bonita, o seu corpo era uma autêntica perdição. Arranjou-se com mais cuidado, tinha a certeza que iria ser chamada em breve. Suspirou longamente. “Os sentimentos são uma fraqueza”, recordou-se.
Toc-toc. Ouviu alguém a bater à porta do seu gabinete. “Entre…”, respondeu num tom de voz pouco afável. Era uma das secretárias da administração que a vinha chamar para sala de reuniões do último piso. O seu grande momento tinha chegado. Avançou num passo decidido, rumava até ao sucesso. Colocou o sorriso mais encantador quando bateu à porta. Quando entrou naquela sala teve que fechar os olhos por momentos, pois não aguentou a claridade das janelas completamente abertas. O seu sorriso morreu nos seus lábios assim que viu as feições nervosas e tensas dos administradores. Algo tinha-se passado…
- Cláudia, sente-se por favor… - arguiu Bernardo Simões sem esconder algum nervosismo. Engoliu em seco. - Antes de mais queremos felicitar-lhe pelo seu trabalho! Como sabe nos últimos tempos tivemos em reflexão para escolher o novo presidente para a empresa. O seu nome sempre foi um dos mais fortes a esse cargo… – afirmou. Uma longa pausa seguiu-se depois daquelas palavras. Uma gota de suor percorreu a testa daquele homem. – A verdade é que neste momento parece-nos que outra pessoa tem mais condições para este lugar... Lamento imenso! - arguiu o administrador, após inúmeras hesitações.
A implacável gestora não queria acreditar naquilo que estava a ouvir, esforçou-se para não mostrar todo o seu desapontamento. Não prestou atenção a mais nenhuma palavra daquele homem. Quando ele parou, apenas conseguiu perguntar quem tinha sido o escolhido. Os três elementos trocaram olhares incómodos. “Ricardo Gonçalves", admitiu por fim Júlio de Morais. O idiota do seu namorado como presidente? Aquilo não fazia sentido nenhum... Teve a sensação que algo estranho se estava a passar, sentiu um desejo enorme de investigar aquela promoção a fundo… Naquele gabinete, onde teve a mais amarga das derrotas prometeu que ia fazer tudo para retaliar aquela humilhação.

*One-shot inspirada no meu livro ‘A Analogia da Morte’

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