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Um Mar de Recordações

Um Mar de Recordações

14.Mar.13

Uma viagem à chuva (Continuação)

O feixe de luz aproximou-se cada vez mais naquele caminho lamacento pela chuva que teimosamente continuava a cair. Começou a ver-se os contornos de um Land Rover vermelho a aparecer por trás daquela claridade. Fiz vários sinais para que pudesse ser ajudado a mudar o pneu. Tenho a certeza que o condutor me viu, mas não parou. Aliás, fez questão de acelerar perto de mim, lançando-me uma grande quantidade de lama em cima. Chamei todos os nomes que conhecia até conseguir ver aquela viatura. “Brilhante!”, foi a única forma de descrever tudo aquilo que me estava a acontecer naquela noite. Tinha o meu fato numa completa lastima repleto de lama e ainda nem sequer tinha começado a mudar o pneu.

A chuva começou a cair com mais violência e naquele lugar insipido todos os barulhos eram notados. De um momento para o outro, aquelas árvores começaram a colocar-me calafrios, portanto comecei a solucionar o problema o mais rápido que conseguia. Nunca tinha tido jeito para arranjar coisas, principalmente sobre pressão. Contudo, hoje não tinha opção a não ser que pretendesse passar uma noite no assento do carro… Ainda tentei ligar-te, mas o telemóvel estava sem rede. Amaldiçoava aquela falta de sorte. Apesar de toda aquela chuva e lama, o trabalho não se revelou tão difícil como estava à espera. Quando terminei estava num péssimo estado. O bonito fato que tinha escolhido para te impressionar parecia saído de um caixote do lixo.

Não sabia a razão mas sentia-me particularmente satisfeito pelo meu trabalho. Permiti-me um curto sorriso ao olhar para o Toyota Yaris à minha frente. Entretanto, a chuva começou a cair com menos força, senti isso como um sinal de que a minha sorte estava a regressar. Antes de me sentar, procurei uma capa que tinha para não sujar ainda mais o carro. Apesar de saber que ia chegar muito atrasado, desta vez não acelerei e fui a uma velocidade controlada para evitar qualquer tipo de percalço.

Quinze minutos depois estava à frente da tua casa. Atrasado, sujo e exausto. Tive um intenso arrepio que demonstrava todo o meu nervosismo. Já não nos víamos há algum tempo e queria acima de tudo que aquela noite fosse inesquecível. Subi as escadas o mais rápido que pude e toquei à campainha. Pouco tempo depois ali estavas. O teu olhar não mostrou grande admiração pelo meu estado. No entanto, eu fiquei hipnotizado pela tua beleza. O teu cabelo loiro realçava o teu tom de pele claro, enquanto os teus doces olhos contrastavam com o vestido arrojado que usavas naquela noite. Era negro e justo, o que realçava esse teu corpo fantástico. Engoli em seco, estavas perfeita. Pareceu que gostaste da minha reacção e iniciaste a conversa:

- Uma noite difícil está visto – disse-me com um tom de gozo nas palavras. Assim que parou de falar agarrou-me docemente na gravata suja e puxou-me para dentro de casa…    

   [Ficção] 

 

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