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Um Mar de Recordações

Um Mar de Recordações

27.Abr.13

A força do amor

Não queria acreditar em quem estava a ouvir. “Olá meu amor”, ouviu do outro lado da linha. Estava a escutar a sua namorada, reconhecia aquela doce voz em qualquer lugar. Mas como? Sabia que ela não tinha resistido ao acidente de viação que tinham sofrido há uma semana atrás. Instantaneamente , ele começou a chorar. Ela voltou a falar-lhe de forma triste e melancólica. “Sê forte, não desistas”, afirmou. Após essas palavras, não se ouviu mais nada. Tinha desligado. Naquele lugar apenas ouvia-se o barulho angustiante da chamada ter terminado, que persistia como se quisesse persegui-lo até à loucura.
Não sabia o que pensar, apenas queria recordar para sempre as palavras da sua namorada. “Sê forte”, pensou, mesmo sem saber como o iria conseguir fazer. Pela primeira vez durante dias sentiu a necessidade de sair daquela cama. Tentou levantar-se, mas sentiu fortes tonturas que o imobilizaram. As cores do quarto confundiam-se e a sua cabeça estava totalmente atordoada. Não teve outro remédio senão afundar-se na cama novamente, esgotado e quase sem força. Estava perto de desistir como sempre fazia, era bem mais fácil do que continuar a lutar. Sentia-se seguro ali, mas hoje não ia deixar-se dominar pelo conformismo. Voltou a tentar levantar-se e as cores do quarto começaram a ficar confusas. Não quebrou. Gritou com toda a força que tinha. Progressivamente, tudo começou a ficar escuro.
Instantes depois, abriu os olhos e percebeu que estava deitado numa cama de hospital. Ao seu lado estava a sua namorada que mal o viu mexer não conseguiu controlar as lágrimas. Deram as mãos, não foram precisas palavras ou explicações. Aquele toque bastava para que tudo voltasse a fazer sentido. Olharam-se demoradamente e aos poucos foi nascendo um sincero sorriso nas suas faces.
Sentir que ela estava a seu lado era um tesouro que não queria perder. Só minutos depois descobriu que tinha ficado em coma desde que tinham sofrido o acidente que tinha ocorrido há duas semanas. Por seu lado, a sua namorada tinha apenas ferimentos superficiais. Passou aquele tempo no hospital a rezar para uma recuperação rápida. Costumava falar com ele trazendo-lhe palavras de esperança, as mesmas que o despertaram daquele coma. Aquele tinha sido o exemplo perfeito da força do amor.
Religiosamente, ela continuou a visitá-lo todos os dias, enquanto ele passava todos os exames. Dias depois, ele saiu pelo seu pé completamente recuperado. Perto da porta, lá estava ela. Tinha-o ido buscar e deu-lhe um longo e saboroso abraço. Caminharam juntos pela rua em direcção à sua casa. Ficaram por lá durante horas, a matar todas as saudades de um casal que por alguns dias pensou ter-se perdido um ao outro…

[Ficção]

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