Lágrimas de desespero
Tremia, estava completamente em pânico. Não conseguia parar de chorar, soluçando constantemente. Tinha chegado ao seu limite, já não conseguia suportar mais aquela tortura. Não conseguia mais, o desespero tinha tomado conta dela. O lábio cortado destacava-se na sua face, mas não afasta a atenção do grande número de nódoas negras por todo o seu corpo. Tinha sido mais um dia na sua miserável vida. As lágrimas continuavam a cair. Trancara-se na WC do quarto, estava aterrorizada. Não queria sofrer mais!
Há muito tempo que já o ouvia ressonar, mas ainda assim não queria arriscar. Estava em pânico que ele voltasse a acordar, isso ia deixa-lo com demasiado mau humor. Só de pensar nisso ficava ainda mais nervosa. Todos tinham os seus fantasmas, o seu marido era o seu. Nem sempre tinha sido assim. Os cinco primeiros anos de casamento tinham sido realmente felizes, mas depois veio despedimento na empresa. Ele nunca aceitou a saída, passava o dia a beber e os problemas começaram a partir daí. Tornou-se num homem violento, a primeira agressão chegou pouco tempo depois.
Deixou de sair de casa, tinha vergonha. Não queria mostrar as marcas evidentes do seu tormento. Vivia numa vida de medo. Continuava a tremer e a soluçar, sentia-se patética por não sair daquela situação. Parecia presa aquela relação nociva como se não houvesse outras saídas possíveis. Deu um longo suspiro. Olhou para a porta e levantou-se, movendo-se de forma ainda atordoada. O corpo não lhe doía mais, apenas a sua dignidade estava manchada. Ainda sem saber o que fazer, agarrou na maçaneta e abriu a porta.
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