Há 365 dias atrás estava numa livraria completamente nervoso, na verdade estava totalmente em pânico. Não queria esquecer-me de nada de relevante, estava pronto para dizer as palavras certas. Vivia, enfim, o sonho. A concretização de um sonho de criança: a publicação de um livro da minha autoria. Passou um ano desde aí, quem diria? Bolas, parece que tudo foi tão recente, os meses passaram tão rápido... Ainda assim, tudo continua tão presente, cada pequeno pormenor. Confesso (...)
Palavras, meras palavras. Para mim, um autêntico vício que não consigo largar, que está preso a mim. No fundo, fazem parte de mim de uma maneira especial e autêntica. Escrevo porque preciso, pois tenho essa necessidade constante em mim. Vivo intensa e incansavelmente nesse transe marcado pela crença de encontrar a palavra certa. Com o desejo infinito de escrevê-la com a alma. Num paradoxo entre a verdade e o sentimento. Não desisto de encontrar essa sensação, persisto nessa (...)
Um menino de 10 anos avançava num passo desengonçado, permanecia concentrado numa folha rabiscada com algumas palavras. Percorria um pequeno corredor, mas mesmo assim não deixava de estar mergulhado nas palavras escritas. Parecia quase que hipnotizado por aquela folha, naquelas parcas frases. A caligrafia estava ainda mais desajeitada do que o normal. Parecia que a sua vida dependia de completar aquele pensamento, pois escrevia enquanto andava. Adorava fazer aquilo, na ingenuidade de (...)